sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Dissertação Familiar


Quando eu saí de casa, disse que tudo ia ser diferente. Disse que iria haver limites e que ninguém os devia ultrapassar. Mas a verdade é que com o tempo, nada do que queria aconteceu (claro que por minha culpa, que deixo as coisas avançarem). Adiante, como estava a dizer tudo o que mais queria na vida como qualquer rapariga com  24 anos de idade era sair de casa do meu pai e sair debaixo da asa dele. 
Claro que saí de casa, mas como tudo nesta vida (e na minha pois tá claro!) as coisas não foram bem como eu estava a espera. E o meu pai contínua a ter a faca e o queijo na mão (e eu a pensar que esta expressão só se utilizava com os professores) e gosta disso. Tem ataques de mau humor se não atendemos o telefone, resmunga se não lhe dizemos onde estamos ou o que fizemos, manda vir porque nos levantamos tarde, ou se não nos apeteceu almoçar. Resumindo, contínuo com os mesmos problemas que tinha, só que agora ouço-os pelo telefone. Eu sei que os pais só querem o nosso bem, que só se preocupam connosco, e que quando eu tiver filhos eu vou saber o que é isso, mas eu ainda não os tenho. E ainda sou só filha, a tentar fazer a MINHA vida. 
Ás vezes acho que as pessoas não percebem que quanto mais sufocam o outro, mais ele se afasta. E às vezes acho que faço as coisas com o meu pai por dever ou por obrigação porque ele me ajudou aqui ou ali e não porque quero ou gosto, e eu não gosto disso, sinto-me mal com isso. Eu quero estar com ele, porque quero porque gosto, não porque ele ajudou-me. As pessoas quando dão as coisas não podem esperar algo em troca, e às vezes sinto que muita gente espera. Isso nunca dá bom resultado.

Eu e o M. somos uma família agora, e só temos de dar satisfações um ao outro. Ponto final. Quem quer estar perto de nós sem exigir nada em troca óptimo, quem não quiser... azar. A verdade é que nos últimos tempos já perdi muitas pessoas que pensei que eram importantes para mim (e outras que eram realmente!) e não morri por isso.

Já sei que com isto, o meu pai (sim, eu sei que vais ler isto!) não me vai ligar para casa porque deve achar de algum modo agora essa é a solução, mas o que hei-de eu fazer quando as pessoas não vêem para além do que está a frente do nariz. 

2 comentários:

Ana disse...

Os meus pais também são assim. Claro que querem o melhor para nós. Mas a partir do momento em que decidiste sair de casa, tens de estabelecer os teus limites e não podes deixar que te controle. Já saiste de debaixo da asa, isso é indiscutivel. Afirma-te.
Beijinhooo.

Palavra Já Perdida disse...

Como te entendo..às vezes deixamos porque é aquela coisa, são pais... mas às vezes deviam pensar 2 vezes...