quarta-feira, 29 de julho de 2009

O resto do Mundo deixa de existir quando tu e eu nos encafuamos no meu pensamento, apertados, um contra o outro, sussurrando, percorrendo infinitos lugares, e apesar desta viagem parecer fugaz, parece também uma viagem de regresso. Tu já não és aquele que, desde o primeiro dia em que te conheci, conseguiste-me virar completamente do avesso, como nunca ninguém o conseguiu. Não sei o que se passará, a partir daqui, mas sei que vou ser honesta comigo mesma. Vou seguir o meu coração, seja onde for que ele me leve. Devo isso a mim própria.
Quando chegamos aquele sítio, esperamos que as portas se abram como por magia, saímos um atrás do outro e percorremos aquele corredor que eu tão bem recordo. O meu pulso acelera, e contudo sinto-me estranhamente em paz. A noite está linda, aquele típico de noite em que conseguimos vislumbrar milhões de estrelas, à medida que o tempo pára, recordações de outras noites como esta invadem-me o espírito. Consigo perceber que também tu estas a pensar no passado quando me das a mão e saímos daquele sitio. Nenhum de nós fala. O cheirinho familiar do passado atinge-me de novo, e o meu estômago é uma rede de nós. Esta noite podia muito bem ser aquela noite, aquela primeira noite em que estivemos juntos, pois a estonteante antecipação é a mesma. Eu murmuro-te que não quero mais sair dali, e tu fazes-me um ligeiro encolher de ombros e esboças um sorrisinho, e estendes-me a mão, virada para cima, pedindo a minha. Dou-te e abraço-te desesperadamente, os meus braços rodeando-te a cintura com todas as forças do meu pequenino ser. Sinto os teus ombros, peito, bíceps, tudo, tudo tão quente, tão sólido, tão forte. Há tanto tempo que te persigo nos meus sonhos, penso e peço para congelar este momento, e adiar tudo, e ficar exactamente aqui, no equilíbrio entre dois sítios, dois mundos, dois amores.
Ergo a minha cabeça ao sentir a tua baixar. Os nossos rostos inclinam-se e encontram-se, colidindo suavemente. Face contra face, depois nariz contra nariz. Fico muito quieta, ouvindo o som do teu respirar, e passa por mim uma eternidade, ate o teu lábio superior se juntar ao meu.

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